Segundo a antropologia,
existem 3 tipos básicos de família: tradicional, nuclear e pós-moderna.
A família tradicional é
aquela geralmente numerosa, centrada na autoridade do patriarca, mais comum até
a primeira metade do século passado (sec XX). Eram considerados
"familiares" não só os pais e filhos, mas todo o entorno familiar
(avós, tios, primos, etc), e as relações eram baseadas nos conceitos morais e
autoritários da época.
A família nuclear, ou
psicológica, é aquela surgida a partir da metade do século XX, fundamentada
basicamente em pai, mãe e poucos filhos. As relações não são mais tão
autoritárias, e o conceito de família engloba um núcleo mais caseiro.
A família pós-moderna é a
que surgiu mais atualmente, aquela em que não existem regras básicas de
parentesco. Filhos morando com só um dos pais (devido ao divórcio), casais sem
filhos, uniões homossexuais, etc. Para alguns, não é um estilo de família, mas
justamente a falta de um "estilo" pré-determinado.
Hoje em dia, podemos
identificar esse três tipos básicos de família coexistindo, com suas
variações... cada família a seu modo. As transformações do conceito família
trouxeram maior liberdade e igualdade entre os membros, fundamentado nos
princípios da dignidade humana, que consiste na segurança dos direitos
personalíssimo de cada membro da família, bem como de suas necessidades
materiais.
Permitiram uma evolução
como instituição social nas relações familiares na busca do atendimento aos
interesses mais valiosos das pessoas humanas, como a lealdade, afeto,
confiança, respeito, solidariedade e amor.
As relações e sentimentos
independem de termos e conceitos, não importa se é família monoparental,
homoparental, ou outro termo que seja. A família segue novos aspectos obedecendo
aos princípios da afetividade e estabilidade. Reconhecer a família formada pela
união estável somente entre homem e mulher ou da união homoafetiva não
dificulta a proteção da relação como entidade familiar.
Se amadurecer significa alcançar o desenvolvimento do que é potencialmente intrínseco, possíveis dificuldades da mãe em olhar para o filho como diferente dela, com capacidade de alcançar certa autonomia, podem tornar o ambiente não suficientemente bom para aquela criança amadurecer. Não basta, apenas, que a mãe olhe para o seu filho com o intuito de realizar atividades mecânicas que supram as necessidades dele, é necessário que ela perceba como fazer para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em suas particularidades.
A capacidade da mãe em se identificar com seu filho é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. Winnicott também coloca que a mãe, ao tocar seu bebê, manipulá-lo, aconchegá-lo, falar com ele, acaba promovendo um arranjo entre soma (o organismo considerado fisicamente) e psique, principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como espelho no qual o bebê pode se ver.
O “estado de preocupação materna primária” implica em uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebê e, assim, saber do que ele precisa, mas, ao mesmo tempo, ela mantém o seu lugar de adulta. É, ainda, um estado temporário, pois o bebé naturalmente passará da “dependência absoluta” para a “dependência relativa”, o que é essencial para o seu amadurecimento.
É nesse período de dependência relativa que o bebê vive estados de integração e desintegração, forma conceitos de eu e não-eu, mundo externo e interno, estágio de concernimento, podendo então seguir em seu amadurecimento, no que o autor denomina independência relativa ou rumo à independência. Aqui, o bebê desenvolve meios para poder prescindir do cuidado maternal. Isto é conseguido mediante a acumulação de memórias de maternagem, da projeção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente.
A existência da família no desenvolvimento da criança, resulta em contribuições nos relacionamentos no quadro do contexto social em que vivem. Se a criança nascer em um ambiente harmonioso e que a deseja, esta terá uma base sólida em virtudes no decorrer de sua vida. Mas, se por outro lado, esta criança nascer em um lar onde os pais, não se entendem e não a planejaram, a mesma crescerá com transtornos emocionais. Muitas vezes o casal não possui maturidade e preparo suficientes para enfrentar tal situação, que poderá causar sérias conseqüências, como levar o casal a uma separação, ter maturidade não significa ter idade suficiente para enfrentar certas situações. Sendo que em uma união de pessoas jovens, muitas vezes poderá apresentar um resultado positivo, esta união terá um longo processo de crescimento juntamente com os seus filhos, certamente, tanto os filhos aprenderão com os pais como os pais aprenderão com os filhos.
No entanto, nas relações em que os pais não são jovens algumas coisas podem ter ficado sem resolver e é com o crescimento dos filhos que conseguem resolver seus conflitos, de acordo com que seus filhos vão trazendo novos conhecimentos vão se preenchendo. Muitas vezes, acabam se realizando em coisas que seus filhos fazem e que preenchem lacunas no decorrer de suas vidas.
Este texto é parte integrante do livro: Desenvolvimento Educacional: um olhar psicopedagógico, de Regiane Souza Neves, ISBN 978-85-917662-0-8,
Para Winnicott (1965), o
desenvolvimento da criança dependerá de um ambiente facilitador que forneça
cuidados suficientemente bons, sendo que, no início, esse ambiente é
representado pela mãe. Esses cuidados dependem da necessidade de cada criança,
pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a
cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.
www.regianesouzaneves.com.br
Texto baseado em:
Winnicotti, Donald. A família e o
desenvolvimento individual. Trad. de Marcelo Brandão Cipola. São Paulo, Martins Fontes, 1983. The Family and Individual
Development. London, Tavistock Publications, 1965.
LÉVI-STRAUSS, Claude. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes, 1976.
ZAMBRANO, Elizabeth. O direito à homoparentalidade: cartilha sobre as famílias
constituídas por pais homossexuais. Porto Alegre: Vênus, 2006.T
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