quinta-feira, 24 de abril de 2014

A INFLAÇÃO NOSSA DE CADA DIA - II

  Como comentado no texto anterior, são diversas as metodologias utilizadas para se calcular os diferentes índices de inflação. Destes, os que mais povoam os noticiários e fazem parte das nossas vidas são o IPCA, utilizado como meta de inflação pelo Banco Central, e o IGP-M, que busca obter uma noção geral da variação de preços na economia e, por isso, é utilizado para reajuste de contratos, como de aluguel.


  Ainda assim, é muito comum enfrentarmos a percepção de que nosso custo de vida não aumentou conforme a inflação. Em geral, sentimos na pele um aumento ainda maior. É consequência da escalada de preços de roupas, alimentos, passagens aéreas, mensalidades escolares, etc. Todos estes itens – e diversos outros – fazem parte da composição da cesta de bens, lista de itens cujos preços são acompanhados para determinação da inflação. No caso do IPCA, quem ajusta esta lista de acordo com as regiões, bem como a proporção de cada item em seu total, é a POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), que busca entender um pouco mais dos hábitos de consumo dos brasileiros e determinar quais itens fazem parte do nosso dia-a-
dia.
  O grupo “transporte” possui o maior peso no índice, correspondendo a 24% da cesta total, seguido por “alimentos e bebidas”, com 21%, que têm sido tratados como vilões recentemente. Esta constatação nos leva a concluir que a inflação poderia ser ainda mais alta caso não houvesse um grande peso de preços controlados (transporte público, combustível, licenciamento, pedágio, etc). Em contrapartida, a política monetária (leia-se elevação da taxa de juros) acaba tendo pouco resultado no sentido de controlar a inflação, já que muitos preços não são determinados por oferta e demanda. Como em economia tudo é interligado, se limitamos os preços de um lado, temos que gastar mais do outro (em geral, isso vem em aumento do gasto público), e um dia a conta chega. Talvez seja por isso que há quatro anos superamos recorrentemente nossa meta oficial de preços e nosso custo de vida segue crescendo de forma acelerada, mesmo com a maior taxa de juros real do mundo. Estudar teoria econômica deve ser bem difícil nos dias de hoje.

Marina Corrêa Lemos (Ver Quem Somos)

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