quinta-feira, 10 de abril de 2014

DOWNGRADE SOFRIDO PELO RATING DO BRASIL

   Muito se comentou na última segunda-feira, dia 24, sobre o downgrade sofrido pelo rating do Brasil pela agência Standard & Poors (S&P). O rating é uma avaliação comparativa de capacidade de pagamento de um emissor. Ou seja, ter seu rating reduzido, como foi o caso do Brasil, indica que o país tem hoje menos condições de honrar com suas obrigações que países como Colômbia, México, Peru, ou até mesmo Cazaquistão.
      E qual é a importância de um evento como este? Por mais que os mercados (e, por este termo, quero dizer ações, taxa de câmbio e commodities) não tenham reagido ao downgrade já que a pior avaliação de crédito do Brasil já estava “no preço”, como diz o jargão do mercado – que significa dizer que o mercado já aguardava que isto fosse acontecer em algum momento, o rating ainda é um indicador bastante observado pelos investidores internacionais, que em geral não têm acesso ou tempo para analisar um país no detalhe na hora de decidir onde investir. Se os estrangeiros têm uma visão menos favorável do Brasil, podem decidir não alocar aqui seus recursos. Se não temos dinheiro dos gringos, fica mais caro financiar o investimento doméstico. Se não há investimento doméstico, então o crescimento é moroso. E por aí vai, em um ciclo altamente vicioso.


     Muito se questiona, principalmente após a crise de 2008, qual valor deve ser dado às agências de rating e o quão crível é sua avaliação. Não entrarei neste ponto agora, pois essa é uma discussão para outra coluna. O que entendo ser o mais importante deste evento é: por que recebemos este rebaixamento? Por que o mercado como um todo já entendia que a avaliação do Brasil não era mais tão positiva?
     A questão é, acima de tudo, falta de confiança. Desde 2011, o Brasil vem crescendo abaixo de países comparáveis, com inflação elevada e investimento muito aquém do necessário para crescermos razoavelmente. Ainda assim, o governo vem conseguindo atingir suas metas, principalmente em termos fiscais, através de mecanismos chamados pelo mercado de “contabilidade criativa”, ou seja, do ajuste das contas fiscais a fim de entregar o número pretendido. E é justamente esta a principal crítica da S&P. Enquanto o país se utilizar de mecanismos que não sejam extremamente transparentes para atingir suas metas, não poderemos confiar piamente nos números apresentados. E assim entramos novamente naquele ciclo vicioso...

Marina Corrêa Lemos (Ver Quem Somos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário