segunda-feira, 14 de abril de 2014

A INFLAÇÃO NOSSA DE CADA DIA

Nos últimos dias, FGV e IBGE divulgaram, respectivamente, o IGP-DI e o IPCA. Alguns dias antes, foi a vez do IPC-S e do CPI da FIPE. Pouca gente sabe o que essa sopa de letrinhas significa, mas a verdade é que estas siglas e os números atrelados a elas têm uma importância considerável em nossas vidas.
O fator em comum entre todos estes índices é que são métricas de inflação. Cada um tem suas peculiaridades e importância (o IPCA é o de mais destaque por ser usado pelo Banco Central (BC) brasileiro como meta de inflação), mas todos de certa forma resumem o aumento em nosso custo de vida.

Por mais que os nomes pareçam difíceis e a teoria por trás soe complicada, o brasileiro conhece muito bem os efeitos nocivos da inflação. Quem viveu o final da década de 80 e começo da década de 90 sabe muito bem o que representa uma inflação de 30% ao mês – apenas para efeito comparativo, o IPCA do último mês ficou em 0.92%, o que deixou o mercado muito aflito por ter superado as expectativas. E é por isso que, quando a inflação parece estar subindo sem controle, o brasileiro fica apreensivo, com receio de que os anos de 2000% de inflação ao ano estejam de volta.
O principal instrumento que um banco central tem para evitar a alta de preços é o aumento da taxa de juros. Quando o crédito fica mais caro, as pessoas tomam menos recursos emprestados e, por consequência, gastam menos. Se há menor demanda, os preços sobem menos, e então a inflação fica mais controlada. Esse é o chamado canal do crédito. A escolha de Sofia do nosso BC é que maior taxa de juros, ao diminuir o consumo, também inibe o crescimento, e o nosso já não deve passar de 2% neste ano. Por isso, a decisão é difícil: atingir sua meta (IPCA em 4.5%, com tolerância de 2%) ou trabalhar em consonância com a política econômica do governo? O mercado presta muita atenção às declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, na busca por uma indicação de qual vai ser a estratégia adotada. O último sinal é de que o BC vai deixar de subir a taxa de juros, já que isto teria um efeito prejudicial no crescimento, por entender que o aumento de preços seja pontual, causado por um repique nos alimentos. Não parece provável que a inflação volte à explodir para a casa de dois dígitos novamente, mas nos resta torcer para o BC ter razão.

Marina Corrêa Lemos (Ver Quem Somos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário